Região: Depois de dois anos longe da região Itamonte-Aiuruoca resolvemos
aproveitar o último feriado para percorre-la novamente. Dessa vez, optamos
por entrar pelo sul, subindo o pico do Garrafão, na divisa entre os
municípios de Itamonte e Alagoa e seguir então para o norte, próximo a borda
oeste desse maciço, até a altura da cachoeira do Juju, quando então viramos
para leste, rumo ao vale do Aiuruoca e por fim sul, descendo para a
cidadezinha de Alagoa.
Grupo: Anderson, Angélica, Cleusa, Gisele e Ronald
Época: 21 a 23/03
Estando livre já na quinta, resolvi partir para Itamonte já na tarde
desse dia, dormindo em Itamonte e encontrando-me com os demais na sexta pela
manhã. Sai de São Paulo pelas 13:30 e cheguei a Itamonte pelas 17:00. Logo
consegui me hospedar no hotel Thomaz, na beira da rodovia que é também a
principal rua da cidade, junto a entrada da estrada de Alagoa, que
pegaríamos no dia seguinte. Dei uma circulada pela cidade e jantei uma truta
com molho de alcaparras e antes das 21:00 já tinha voltado ao hotel e
entreguei-me ao braços de Morfeu.
1. Dia – Subindo o Garrafão e além
Acordei às 6:30, quando deveria ser servido o café da manhã, com um ruido
de conversa do lado de fora, olhei pela veneziana e vi uma baixinha, com
sotaque pseudo-bragantino, que falava alto na esquina, junto a um carro onde
haviam mais algumas pessoas. Pensei:”Não é possível, o povo chegou na
hora ! estou atrasado”. Desci para confirmar. Não eram eles, era um outro
grupo esperando os amigos chegarem. Voltei ao hotel e tomei calmamente meu
café da manhã. Depois subi de volta ao quarto, juntei meus trastes e liberei
o quarto. Pus as coisas no carro, encostei o carro junto a entrada de Alagoa
e fiquei esperando o resto do povo chegar. Depois de uma hora de espera,
começei a ficar preocupado e resolvi ligar para a Cleusa. Ela disse que eles
estavam atrasados, e chegariam dali a uma hora. Continuei lendo meu livro e
essa hora passou tão rápido que quando eles chegaram só percebi quando o
Anderson desceu do carro e se aproximou do meu.
Seguimos então pela estrada de Alagoa. O começo da estrada está em estado
até bom de conservação, parece que eles vão asfaltar os primeiros 7 km,
trecho que termina na usina do Braga. Na sequência a qualidade da estrada
piora um pouquinho. Mas no trecho mais alto, junto a divisa de Alagoa e que
fica pior de verdade, com muitas pedras. Passando o ponto mais alto, quando
a estrada começa a descer para Alagoa, tomamos uma estradinha à esquerda,
seguindo a placa da pousada “campos de altitude”. Descendo um ou dois kms
por essa estradinha, encontra-se um bifurcação, tomamos à direita ( a
esquerda dá acesso a pousada ) e descemos mais alguns kms até o fundo do
vale. Os primeiros kms até a pousada estão em mau estado, mas depois fora
uma ou duas voçorocas ameaçando levar a estrada e um pequeno trecho
enlameado até que esta boa.
Quase no fundo do vale, numa bifurcação, tomamos a esquerda, logo em
seguida passamos por um ponte sobre um riozinho e por uma porteira. Passamos
em seguida por uma vala com água no fundo e logo depois a estrada se reduz a
alguns sulcos no pasto. Mas não tem erro, logo a frente avistamos a casa do
seu Odir, onde deixaríamos os carros.
Após estacionamos os carros dentro do terreno do seu Odir,
experimentarmos o queijo que ele fabrica e após mais alguma enrolação
costumeira de ínício de trilha, começamos a andar às 11:00 hs.
Saindo pelos fundos da casa do seu Odir, já avistamos a meta inicial: o
pico do Garrafão e também quase todo caminho até lá, por uma crista que sobe
da esquerda para a direita. Subimos um trecho pelo pasto para a esquerda,
até alcançarmos uma estradinha um pouco mais acima e dai subindo para a
direita em direção ao começo da crista, acabamos esbarrando numa cerca e
subimos então para a direita, paralelos a ela, logo avistando caixas d´água
à esquerda. A partir dai e subir e subir por essa crista. Em alguns trechos
a inclinação arrefece e podemos retomar um pouco o fôlego, mais logo a
subida se torna ingreme novamente. Mais acima, desviamos de uma matinha mais
fechada pela direita.
A subida vai sempre pelo aberto, por pastos e poucas vezes passamos
por algumas arvorezinhas esparsas, onde podemos parar a sombra, já que o
sol vai castigando. Quase no alto, entramos na mata para um curto trecho na
sombra, contornando para a esquerda o paredão final. Saindo da mata, numa
bifurcação pegamos à direita, subindo. Mais 5 minutos e chegamos no amplo
platô que constitui o topo do garrafão. Caminhamos então para a direita até
um ponto mais cênico, para então descançar e lanchar. Eram 15:20. Do alto
podiamos ver todo o vale com a casa do seu Odir ao centro e o riacho
serpenteando em meandros e mais além as cristas ao redor, dentre as quais a
mais chamativa era o Mitra do Bispo.
Depois do lanche dei uma circulada em redor, enquanto o pessoal até
cochilava em razão da noite não dormida. Num arvoredo próximo, achei restos
de acampamento, lenha para fogueira, panela, lata de óleo e até uma garrafa
de 51 ainda com um resto de cachaça.
Após 30 ou 40 minutos de descanço, continuamos a caminhada. Passamos
então a descer, numa ferradura, voltando para trás um pouco, a fim de
encontrar um ponto onde a descida seja menos íngreme e dai passando a descer
ao zigue-zagues rumo a um valezinho mais abaixo. Na borda oposta desse vale,
encontramos um riacho, nossa primeira fonte d’água. Pulamos então esse
riacho, no rumo de uma encosta de pasto à direita. Claro que ao passa-lo
reabastecemos nossos cantis. Alcançado a próxima crista, tomamo-a para à
esquerda, descrevendo outra ferradura, de modo a chegarmos a um encosta
menos íngreme. Descemos então fortemente até esbarrar numa “estradinha” que
bordejava a encosta à esquerda. Numa bifurcação mais abaixo, tomamos um
trilho à direita, entrando na mata, após avançarmos 5 ou 10 minutos por ele,
o Anderson concluiu que não era o caminho certo, tivemos então de voltar
tudo e continuar pela trilha por onde seguíamos. Mais a frente voltamos a
descer a encosta passando por um trecho de mata. Desembocando afinal em um
descampado mais abaixo. Esse descampado é na verdade um charco, tivermos que
ultrapassa-lo, seguindo as trilhas para esquerda, onde o solo é um pouco
menos encharcado. Cruzamos então um riacho e tomando à esquerda, alcançamos
uma platozinho de pasto, com solo mais ou menos seco, onde montamos o
acampamento, com água a poucos metros das barracas. Alguns até se animaram
a banhar-se no riacho. Após um suculento jantar, iluminado pela lua cheia
que subia no horizonte leste, mergulhamos em nossos sacos de dormir, ouvindo
o ruído do riacho e dormimos o sono dos justos.
2. Dia – Rumo a cachoeira do Juju
Acordamos já um pouco tarde e partimos pelas 9:00. Seguimos
aproximadamente no rumo norte durante todo o dia. Primeiro subindo um pouco,
depois descendo para um descampando mais abaixo, dai virando a direita e
cruzando por uma matinha, logo saltamos um riacho. Dai seguimos por trilha
batida à esquerda, por dentro da mata, até emergir em novo descampado. Logo
cruzamos outro riacho maior, correndo no sentido contrário ao outro. Neste
último riacho quase foi preciso molhar os pés, já que devido a sua maior
largura e ao fato de uma das pedras estar rasamente submersa. A Angélica pos
um saco plástico sobre a bota e com isso evitou molha-la nessa passagem.
Após cruzarmos uma cerca seguimos no rumo norte. Quando chegavamos a pontos
mais alto, com visão desimpedida a oeste podiamos ver o cume da pedra do
chapéu e toda crista da serra da Vargem.
Mais um longo descampado foi atravessado e a leste podiamos ver uma
estradinha ziguezagueando entre os morros e uma casa de fazenda, que o
Anderson disse ser de uma antiga fazenda desapropriada pelo IBAMA.
Saindo num platozinho com vista para as baixadas a oeste, paramos para
almoçar e descançar um pouco. Na sequência reentramos na mata, logo passando
por um riacho,onde reabastecemos os cantis. Logo subimos de novo, saindo no
aberto.
Ao fim desse trecho, descemos um curto trecho pela mata e no fundo
encontramos um trilho bem batido que o Anderson disse ser caminho tropeiro
entre o Bairro da Vargem ( Baependi ) e Alagoa. Seguindo por ele para a
direita por alguns minutos, logo a encosta a esquerda se abre e passamos
então a subi por ela, por uma trilha meio apagada. No alto, entramos de novo
na mata, seguindo por uma trilha agora bem marcada. Saindo de novo no
aberto, seguimos descendo até esbarramos num cinturão de mata ciliar.
Procuramos uma trilha aberta, mas não encontramos, buscamos o trecho mais
estreito e forçamos passagem , pulando o estreito riachinho e subindo a
encosta do outro lado até voltarmos ao aberto. Subimos então a encosta muito
pouco e passamos a bordeja-la, pulando uma cerca ( sem porteira ) e seguindo
em nível. A Pedra do chapéu já ficou para trás, e já entravamos no vale do
rio Piracicaba, que forma a cachoeira do Juju, estavamos por tanto no
município de Baependi. Pelo avançado da hora, e querendo acampar no alto,
paramos num platozinho na beira da trilha, avistando um casinha, a frente e
abaixo, junto a beira do rio. Alguns minutos a frente um riachinho que
corta a trilha nos reabasteceu de água. A oeste tinhamos o horizonte
desimpedido podendo avistar quando escureceu as luzes de 2 cidades.
Após um suculento jantar comandado pela Cleusa, mergulhamos em nossos
sacos de dormir para mais uma noite de sono, perturbada apenas pelo ruído do
tamborilar de pingos d’água no sobreteto, o qual logo cessou.
3 – Rumo a Alagoa
Não tendo alcançado o Juju no dia anterior e com o tempo se esgotando,
abandonamos a pretenção de alcançar a cachoeira e seguimos rumo ao ponto
final da caminhada: Alagoa. Pelas 8:30 levantamos acampamento e após
reabastecermos os cantis, passamos a subir a encosta de pasto, procurando
bordejar o morro e tomar o rumo leste. A subida logo nos levou em direção a
outro valezinho e foi preciso descer um pouco até encontrar uma trilha que
subia o vale margeando sua mata ciliar. Mais a frente, uma trilha descia até
o riacho de fundo do vale e pudemos transpo-lo pulando pelas pedras. Saindo
do outro lado, seguimos subindo, com o riacho agora a direita até um selado
que já avistavamos de cima do morro anterior.
Continuamos subindo pelo pasto, agora seguindo pelo lado direito de um
torrente seca até o alto dessa crista. Do alto, pudemos avistar todo o vale
do rio Santo Agostinho até onde teríamos de descer e depois subir de novo do
outro lado, num desnível razoável.
Passamos então a descer por uma sinuosa crista, primeiro para a
esquerda, bordejando uma mata mais abaixo e depois para a direita, descendo
levemente por trilha bem marcada. Num ponto em que parecia que tinhamos o
caminho obstruído a frente, descemos para a esquerda por poucas dezenas de
metros e logo esbarramos num trilha batida que seguimos para direita.
Seguimos por essa trilha por um bom tempo e ela foi descendo aos zigue-
zagues até o fundo do vale, onde cruzamos primeiro um afluente menor do
Santo Agostinho antes de chegarmos ao próprio, num ponto onde uma sólida
ponte de troncos faz a travessia, guarnecida por uma porteira no extremo
oposto.
Após uma pausa para descanço, atravessamos o rio e logo depois seguindo
pela trilha para esquerda esbarramos em outro afluente. A mata ciliar desses
rios é rica em araucárias formando um contrate interessante com as encostas
dominadas pelo capim. No ponto onde a trilha desembocou a travessia dessa
riacho pareceu dificultosa. Mais subindo uns poucos metros encontramos um
ponto onde a travessia era mais fácil, valendo-se de galhos caídos. Pulando
esse riacho, passamos então a subir a encosta de pasto, agora para valer.
Mais acima encontramos uma trilha que ziguezagueava pela crista e a
seguimos. Num ponto onde parecia haver um profundo vale, entramos na mata,
mais continuamos subindo sem encontrar a baixada esperada. Saimos de novo no
aberto por uma lingua de pasto entre dois capões de mata que já tinhamos
avistado do outro lado do vale.
Quando a trilha entrou novamente na mata, cruzamos a mesma em nível,
bordejando. Saindo no aberto, cruzamos na sequência outro curto cinturão de
mata. E voltamos a subir pelo pasto até alcançarmos o alto. Desviamos então
de uma cerca e seguimos pelo plano no rumo leste. Parando numa sombra a
esquerda da trilha para o almoço.
Terminado o lanche, seguimos até o fim do descampado, atravessando
então mais um cinturão de mapa e ao atingirmos o alto, já no aberto, pudemos
visualizar a cidade de Alagoa no fundo do vale, ainda a boa distância.
Seguimos na mesma direção por mais algum tempo, cruzando neste ínterim com
um senhor a cavalo,a primeira pessoa que víamos nessa caminhada, acompanhado
de um bando de cachorros, não deu nem para contar quantos tal o número. Na
próxima bifurcação tomamos a direita, bordejando o morro à direita até
esbarramos na mata novamente, tomamos então uma trilha descendo para valer.
No meio da descida, passamos por uma porteira caída e mais abaixo uma
touceira de bambu caída obstruiu a trilha, obrigando-nos a contorna-la pela
esquerda. Ao saírmos da mata pudemos ver uma casa com um tanque de criação
de peixes ao lado mais abaixo na encosta. Descemos então até ela por sinuosa
trilha, em alguns pontos semi-coberta pelo mato, mas repleta de morangos
silvestres que fizeram a alegria das meninas.
Passada a casa, continuamos descendo por trilha batida até outra casa
com curral anexo, nessa altura começou a chover, obrigando todos a sacar
suas capas, menos eu que usei meu guarda-chuva. Para ultrapassar essa casa,
tivemos que passar por dentro do curral, afastando as vacas para poder abrir
a porteira. Seguimos então descendo, e mais abaixo, a trilha se alarga,
convertendo-se em estradinha e continuando a descer. A chuva que tinha
parado após uns 10 minutos, retornou então com força tornando a descida bem
escorregadia. Chegando próximo a uma casa na beira da estrada, por engano,
tomei a esquerda numa bifurcação e acabei passando por dentro do quintal da
casa, saindo de volta na estrada já no plano. Nesse ponto, o Anderson e a Gi
tinha disparado na frente para encontrar o nosso resgate, já que estavamos
atrasados no horário e o tinhamos medo de que ele fosse embora sem nos
esperar. Seguimos atrás eu e a Cleusa para acompanhar a Angélica que estava
um pouco resentida do esforço depois de anos de aposentadoria compulsória.
Mas logo ela conseguiu uma carona com um motoqueiro. Em mais uma meia-hora,
quando já estavamos eu e a Cleusa quase chegando em Alagoa, chegou a
Angélica com a Kombi e nos resgatou, estavamos a uns 500 metros do ponto de
encontro, numa praça com uma igrejinha. Num instante chegamos lá e pegamos o
Anderson e a Gi, seguindo então pela estrada para Itamonte até quase o seu
ponto mais alto, onde tomamos a estradinha de acesso a casa do seu Odir,
chegando lá na boca da noite. De lá foi só pegar os carros e voltar para São
Paulo,onde chegamos pelas 1:00.